Com a atual crise vivida pela humanidade, torna-se essencial promover debates que tenham em vista encontrar soluções e promover o bem-comum, principalmente quando tratamos do futuro das nossas crianças, não é mesmo?
Dentre as diversas medidas adotadas para conter a propagação do vírus, o fechamento das escolas se destaca – de repente, pais e mães não podiam mais contar com a ajuda de escolas e creches para prover aos filhos uma boa educação. Nesse cenário, surge a necessidade por meios alternativos, como o ensino remoto por exemplo. No caso do ensino infantil, a participação dos pais tornou-se mais indispensável do que nunca, levando muitos pais e mães à beira da exaustão, divididos entre as responsabilidades domésticas, o trabalho, e agora, o ensino pedagógico dos filhos.
Esse cenário no mínimo incomum reacendeu importantes debates a respeito de um modelo de ensino chamado Homeschooling (ensino domiciliar), no qual o ensino das crianças é realizado integralmente longe das escolas e sob a responsabilidade exclusiva dos pais – que em muitas ocasiões, contam com uma rede de apoio que envolve diversos profissionais da área da educação, psicologia, saúde, entre outros.
De acordo com artigo recente de Mariana Alvim, publicado na BBC News em abril de 2020, o cenário de pandemia e o eventual fechamento das escolas reacende o debate a respeito do Homeschooling e sua possível regulamentação no Brasil. Com a pandemia, pais que já praticavam anteriormente o Homeschooling apresentaram maior facilidade para se adaptar ao ensino remoto - ao contrário de pais menos experientes nesse contexto, que, em sua grande parte, encontram dificuldades para prover ensino de qualidade fora do ambiente escolar.
Outra matéria da BBC News cita um estudo realizado na Irlanda do Norte, onde pais relataram dificuldades em lidar com os recursos online, além da falta de habilidades técnicas para prover o ensino de maneira efetiva. Tais dificuldades são maiores ainda em domicílios onde há crianças com necessidades educativas especiais, casais com filhos numerosos ou falta de recursos, como impressoras ou computadores. Muitos pais relataram sentimento de frustração por não corresponderem às suas próprias expectativas a respeito do ensino em ambiente doméstico.
A dificuldade dos próprios pais em relação ao ensino dos filhos contrasta, de certo modo, com o crescimento da popularidade do Homeschooling enquanto prática educacional. O cenário da pandemia demonstra, assim, que mudanças drásticas e repentinas no modelo pedagógico podem ser prejudiciais tanto aos alunos quanto aos pais e à qualidade do ensino, evidenciando a necessidade de planejamento, estudos e diversas ponderações quando da implementação ou regulamentação de um modelo novo.
E você, o que acha desse assunto tão polêmico?
REFERÊNCIAS
Vieira, A. H. P. (2012) “Escola? Não, obrigado”: um retrato da homeschooling no Brasil. Universidade de Brasília, Brasília.
Alvim, M. (2020) Regulamentação do homeschooling ganha novo fôlego em Brasília com isolamento por coronavírus. BBC News Brasil, São Paulo.
Meredith, R. Coronavirus: homeschooling “stressful and challenging” for most parents. BBC News, Northern Ireland, 11 july 2020.